Discurso de Sandra Loiola ao receber Titulo de Cidadania Teresinense
Boa noite a
todos. Quero inicialmente elevar a Deus o meu coração repleto de gratidão, pois
sinto que tudo o que ocorre é com sua permissão.
Quero
agradecer a Vereadora Celene Fernandes que com sua sensibilidade teve a
iniciativa de propor o meu nome para que eu recebesse o titulo de cidadania
Teresinense, e isto me enche de alegria, honra e me impulsiona ainda mais a
trabalhar e desenvolver a arte teatral nesta cidade e neste estado. Conheci a
Vereadora Celene Fernandes dentro da Penitenciaria Feminina de Teresina em uma Roda de Terapia Comunitária Integrativa que participava junto com minhas alunas reeducandas do sistema prisional e me lembro que em nosso segundo encontro ela disse: “Você precisa ser reconhecida por
tantos trabalhos que desenvolve.” Ela me olhou como se visse toda a minha
trajetória sem uma única palavra dita, foi como se tivesse visto a minha vida
toda, minha alma e essência do meu trabalho no teatro e especialmente junto as mulheres privadas de liberdade naquele momento.
Neste momento que sinto meu coração repleto de gratidão, sinto a necessidade de reconhecer quem sou e de onde venho: Sou Sandra
Nunes Bezerra, filha de Eduardo Linhares Bezerra e Teresa Nunes Bezerra.
Vinhemos de São Paulo com meus irmãos e foi em Teresina que meu pai, um
cearense forte, guerreiro e empreendedor decidiu trabalhar, empreender para
viver e também ajudar seus familiares que haviam vindo do Ceará. A família de
meu pai era uma grande família.
Quando aqui
chegamos moramos em diversos bairros em Teresina, até meu pai encontrar um
lugar onde pudéssemos construir a nossa vida. E posso dizer que a sua escolha
foi ir para um lugar mais afastado de tudo, com ares de interior naquela época.
Fomos para o bairro Santo Antônio no km6, na periferia da cidade. E com esta
decisão, parte de sua família não compreendeu bem o porquê de sua escolha.
E foi neste
local com poucas oportunidades, onde os sonhos não pousavam, que começou minha
história com o teatro.
Lembro me
como se fosse hoje, eu com apenas oito anos de idade, vindo da escola, como
todos os dias, caminhava bastante de onde morava até o bairro vizinho
(Promorar) para estudar e em um destes dias, chegando próximo da minha casa,
entre oficinas mecânicas, bares e restaurantes, fui surpreendida por uma
vizinha que me perguntou: “Sandra Vamos
fazer uma peça de Teatro?” Eu, na minha inocência e diante da pouca visão de
mundo, por morar em um lugar onde havia apenas muita graxa e oficinas de carro,
respondi com outra pergunta: “É uma peça de carro?” De uma forma muito
despretensiosa e engraçada comecei a fazer teatro e naquele mesmo ano me
apresentei como protagonista na peça de teatro Branca de Neve e os Sete Anões,
no dia das crianças, para as crianças da comunidade. E assim junto com meus irmãos e amigos de infãncia daquela comunidade conseguimos criar um grupos,nos apresentar nas comunidades vizinhas e neste percursos cada um de nós escolhemos o que queríamos. Como vivíamos em uma comunidade onde era crescente a influẽncia das drogas e da prostituição, alguns optaram por outros caminhos.
Após este
primeiro contato houveram grandes dificuldades a serem percorridas, mas todos
os acontecimentos e oportunidades foram fluidos como a água de um rio que
desemboca no mar, de forma muito natural. E neste percurso, ainda em fases de
certa imaturidade, me perguntava porque eu não conseguia largar o teatro. Não
entendia que força me envolvia e me tornava cada vez mais presente nesta arte. A verdade é que foi o teatro que me levou em suas assas e então desde o meu
primeiro encontro com o teatro já se foram uns 30 anos.
Após tantos desafios, com trabalhos que me proporcionaram tanto crescimento, com alguns momentos bastante difíceis e delicados que por muitas vezes me fizeram sentir vontade de ir embora. E até chegar aqui foi um caminho de muita perseverança!
Após tantos desafios, com trabalhos que me proporcionaram tanto crescimento, com alguns momentos bastante difíceis e delicados que por muitas vezes me fizeram sentir vontade de ir embora. E até chegar aqui foi um caminho de muita perseverança!
Nesta longa
trajetória com muitos trabalhos bastante
relevantes como, durante alguns anos ,
fundei e coordenei cursos de teatro para crianças e jovens a margem da
periferia da Vila Irma Dulce, Vila da Gloria, Vila santa Luzia, e em 2014 montei
um grupo de teatro com mulheres privadas de liberdade, dentro de uma presidio
feminina e através deste trabalho pudemos tocar as pessoas e sociedade para a
ressocialização e a vida daquelas mulheres. E neste ano recebi mais um convite, que mecheu bastante comigo, para dar
aulas de teatro em um projeto com Deficientes visuais e apesar de sentir um
certo frio por ser do grande desafio! Senti com o coração que que deveria
aceitar e encarei, mais este grande desafio, que foi um momento que me
acrescentou imensamente em minha vida. É como se cada trabalho me fosse
proporcionado sempre um grande desafio. Não poderia dizer não, a nenhuma
destes desafios, pois vejo o teatro como uma grande oportunidade de incluir pessoas , todas as
pessoas que sentirem no coração este desejo de conhecê-lo. Quero pode sempre
ser mediadora neste caminhos através deste trabalhos e proporcionar isso a
sociedade.
Posso
afirmar que hoje diante de tudo que me ocorri , em todos os momentos, não me
pergunto mais porque não largo o teatro.
Porque levei
anos para compreender porque apesar de tantos sacrifícios e perseveranças eu
nunca consegui deixa-lo, era como se estivesse sempre guiado por um sentimento
maior, o amor. É uma grande missão!
E após
tantos anos compreende por meio de cada trabalho que tenho uma grande missão a
cumprir com o teatro.
E que o
teatro que faço é pelos Direitos humanos, pela paz, e pelo belo e é especialmente pela evolução e
felicidade do homem na sociedade.
Quero aqui
agradecer em especial a todos os meus amigos e familiares, e profundamente aos
meus filhos que me inspiram, ao meu companheiro que navega comigo em todos os
projetos e comigo caminha junto na realização de cada um deles, em especial aos
meus país e meus antepassados pois sei e sinto que por meio de mim eles recebem
este titulo, aos meus grandes mestres e mestras que me ajudaram neste caminho,
muito obrigada!
Arquivo: 25/11/16
Na foto com vereadora Celene Fernandes(PRP)
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