Pausa sobre Expressões sobre 16 Edição do Esforço Cultural
O Que deixo de herança, na minha passagem na arte?
Diante de
algumas inquietações interiores com o processo de pesquisa de meu novo
trabalho, senti uma grande vontade de fazer um encontro com outras artistas. A
busca do caminho , as descobertas da dramaturgia que aos poucos vem ocupando espaço
que ainda é muito solitário na pesquisa.
Sinto que os
caminhos que foram pisados já estão exauridos e que preciso dar passos, sentir
o solo de lugares que não são previsíveis,mais que que eles fazem sentidos
neste instante do que busco como artista.
Sei que as
escolhas que busco elas não estão em um lugar seguro, cômodo, previsível e que
é preciso romper!
É um novo
ciclo, que seque sem anexar a linha percorrida até aqui. Esta a deriva, abandonada, destruída, arrancada com força
muito do que foi até chegar neste ponto.
Vejo me em
uma estrada,estreita,porém larga! É que cada passo pisa em um solo minado
sempre que eu tentar a mesma tentativa,
o mesmo olhar, o mesmo caminho,mesmo solo,mesmo sentimento.Sinto que o
essencial permanecerá intacto!
Sinto que o
processo deste novo trabalho é outra coisa, totalmente deiferente da minha
ultima experiência vivida e sofrida no teatro com O rouxinol.
Mais como
estas coisas podem estar tão
interligadas? E sinto um desejo forte para seguir e convidar, encorajar outras
mulheres a saírem do mesmo solo.
Em 2012 no
final do Vertice Brasil em Florianopolis lembro me com clareza cada frase, cada
palavra que ficaram em mim. Na despedida do encontro em uma grande roda disse
que iria fazer uma edição do Esforço Cultural sobre a experiência vivida ali e
que faria em Teresina Piauí um encontro compartilhando com outras artistas.
E lendo
sobre Magdalenas compreende que realiza-lo em 2014 se identifica com sua origem,
onde 38 mulheres em 1983 se encontraram e só após 3 anos efetivaram este
acontecimento.
O impulso
para dar o ponto de partida vem de uma força enorme que eu compreendo que é da
própria rede e não esta canalizada no “EU”. E
a coisa que mais me impressionou foi senti-lá se expandindo e chegando
nas colegas que se disponibilizaram em contribuir mesmo sem entender direito o
que seria o “encontro”.
Acredito que
no fundo de suas almas foram também impulcionadas a contribuir e que a energia
das águas já haviam se comunicado com elas em suas biografias.
Durante a
preparação do encontro me empenhei em levar um grande numero de mulheres e não
limitei convite, expandindo o para todos os seguimentos das artes.
Percebi
surpresa, espanto da maioria que indagava: Um primeiro encontro de mulheres
artistas?
As primeiras
que adentraram a sala do encontro foram duas atrizes, uma cantora e uma musicista,
que aos poucos inundavam o ambiente com uma canção doce e autoral. Entre
sorrisos, olhares espantados, cadeiras apertadas por mãos inseguras, às almas
foram tentando entender o que era aquilo?
Em um
ambiente intimista e poético com flores que emanavam energia do cosmo iniciei a
palestra, sem entender um cesto desconforto em algumas participantes.
Aos poucos
me reportei para Magdalenas e a imagem de Julya Varley no mar de Florianópolis
me segurando a mão! Segui em um grande silencio que ecoava naquelas mulheres e
que inquietavam a mim!
Assim
percorri a estrada que levou de encontro onze mulheres, cheias de
aspirações,sonhos,vontades de produzir, de dizer algo, sem saber como fazê-lo.
Algumas
questionamentos lançados nos slides como : Por que estou distante do local que
me cabe?
Meus
trabalhos refletem verdades pessoais sobre mim? Sobre verdades que acredito?
Eles coloca o dedo na sociedade? Meus trabalhos provocam a sociedade? Que fronteiras
quero alcançar?
Questionamentos
fortes e reflexivos que colocaram todas ali a tocarem um local interior e a
perguntar a si mesma!
Algumas desabafaram
da vontade de deixarem algo de heranças, após tantos anos de teatro. Mais como
fazê-lo? Como se organizar? Por onde começar?
Sandra Loiola
Atriz e Diretora
10/05/2014
10/05/2014
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